No próximo dia 02/03, Quarta-feira de Cinzas, o Santo Padre, o Papa Francisco, convocou toda a Igreja para oferecer o jejum e a penitência, próprios deste dia que inicia a Quaresma, pela causa da paz, sobretudo, por conta da situação de guerra pela qual tem passado o povo ucraniano.

Dom Paulo Cezar Costa, Arcebispo de Brasília, reforçou esse convite do Papa a todos os fiéis da Arquidiocese de Brasília, para que, neste dia em que se inicia o caminho penitencial da Quaresma, todo o povo se una em oração aos irmãos e irmãs que tem sofrido na Ucrânia e em todos os lugares que estão sedentos de paz para que ela seja alcançada.

Para aproximar o coração daquele povo que sofre, compartilhamos a comovente mensagem do Arcebispo-mor de Kiev, na Ucrânia, que se dirige a todo o mundo pedindo orações por seu país.

 

De Kiev, o arcebispo-Mor Shevchuk: o amor gera heróis e o ódio gera criminosos

“Encorajo todos vocês a aprenderem a amar neste momento trágico. Não nos deixemos dominar pelo ódio, não usemos sua linguagem e suas palavras. Segundo a sabedoria popular, quem odeia o inimigo já está derrotado por ele (…). Peço-vos também que rezeis não só pela paz na Ucrânia, mas também pelos nossos inimigos, pela sua conversão, pela conversão da Rússia. Como a Virgem de Fátima nos pediu”, foi a exortação do líder da Igreja Greco-Católica, arcebispo-mor Sviatoslav Shevchuk.

Louvado seja Jesus Cristo!

Caros irmãos e irmãs,

Saudações da capital Kiev, Kiev ucraniana. Hoje tenho uma boa notícia para vocês: hoje é 1º de março de 2022. Isso significa que, de acordo com o calendário, começou a primavera. E mesmo que hoje a neve branca tenha polvilhado nossa capital, a primavera inexoravelmente chega em solo ucraniano. Precisamente como um floco de neve que abre caminho pela neve para mostrar sua flor, assim também o dia de luz e paz para nossa terra irrompe implacavelmente, constante e vigorosamente através dos horrores da guerra.

Hoje estamos vivendo o sexto dia da guerra sangrenta e injusta. Nestes últimos momentos, especialmente nesta noite, assistiámos aos novos horrores da guerra. Vimos escolas, creches, cinemas, museus destruídos, e pela manhã um foguete atingiu o hospital de maternidade.

Nós nos perguntamos, mas por quê? Trata-se de mulheres e bebês. Por que eles se tornaram vítimas desta guerra? Mas nós rezamos. Nós resistimos. Somos uma nação que constrói, defende a paz na Ucrânia e em todo o mundo à custa do seu próprio sangue. Rezamos por nossos soldados, rezamos por todos aqueles que hoje apoiam a luta pela paz na Ucrânia.

Nestes dias temos visto o heroísmo das pessoas comuns. Choramos as vítimas dos ataques com mísseis em Kharkiv, mas ontem também vimos os habitantes de Berdyansk expulsarem as forças armadas de sua cidade com as próprias mãos com o slogan “Berdyansk é Ucrânia”. E a bandeira ucraniana permaneceu hasteada sobre a prefeitura.

Cumprem-se verdadeiramente as palavras de Cristo: ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos. Vemos que não é o ódio que vence, mas o amor. O amor gera heróis e o ódio gera criminosos.

É por isso que encorajo todos vocês a aprenderem a amar neste momento trágico. Não nos deixemos dominar pelo ódio, não usemos sua linguagem e suas palavras. Segundo a sabedoria popular, quem odeia o inimigo já está derrotado por ele.

Venceremos com a força do amor pelo nosso país, a Deus e ao próximo.

Amanhã, a pedido do Santo Padre, o mundo inteiro jejuará e rezará pela paz na Ucrânia. Convido todos os filhos de nossa Igreja na Ucrânia e fora dela a se prepararem para o dia de amanhã e passá-lo em jejum e oração. Peço-vos também que rezeis não só pela paz na Ucrânia, mas também pelos nossos inimigos, pela sua conversão, pela conversão da Rússia. Como a Virgem de Fátima nos pediu.

Eu vos envio a bênção de Deus, que é a transmissão do poder da graça do Espírito Santo, da paz de Cristo a todos vós.