28/11/2017 13:42

O Papa Francisco desembarcou na última segunda-feira, 27, no aeroporto internacional de Yangun para a inédita visita de um Pontífice a Mianmar.

O Santo Padre foi acolhido por um Ministro-delegado da presidência, junto a todos os Bispos da Conferência Episcopal. Crianças das paróquias da cidade e dos arredores, inclusive da zona rural, ofereceram flores a Francisco.

Nesta terça-feira, 28, o Pontífice realizou seu primeiro discurso em terras birmanesas.  “Venho, sobretudo para rezar com a pequena mas fervorosa comunidade católica da nação, para confirmar na fé e encorajá-la no esforço de contribuir para o bem da nação.” Foram algumas das palavras do Papa.

No encontro com as autoridades, a sociedade civil e o Corpo diplomático – após a cerimônia de boas-vindas e visita de cortesia ao presidente da nação –, na capital Nay Pyi Taw, o Santo Padre ressaltou sua satisfação ao visitar o país depois do estabelecimento formal das relações diplomáticas entre Mianmar e Santa Sé e o esforço do estado do sudeste asiático na sequência do diálogo e da cooperação construtiva dentro da comunidade internacional.

“Gostaria também que a minha visita pudesse atingir toda a população de Mianmar e oferecer uma palavra de encorajamento a todos àqueles que estão trabalhando para construir uma ordem social justa, reconciliada e inclusiva”, disse o Pontífice.

Reconhecendo a beleza extraordinária e numerosos recursos naturais do país, Francisco ressaltou que seu maior tesouro contudo é, sem dúvida, “o seu povo, que sofreu muito e continua sofrendo por causa de conflitos civis e hostilidades que duraram muito tempo e criaram profundas divisões”.

“Uma vez que agora a nação está trabalhando para restaurar a paz, a cura destas feridas não pode deixar de ser uma prioridade política e espiritual fundamental”,acrescentou.

“Com efeito, o árduo processo de construção da paz e reconciliação nacional só pode avançar através do compromisso com a justiça e do respeito pelos direitos humanos. A sabedoria dos antigos definiu a justiça como a vontade de reconhecer a cada um aquilo que lhe é devido, enquanto os antigos profetas a consideraram como o fundamento da paz verdadeira e duradoura.”

“Estas intuições, confirmadas pela trágica experiência de duas guerras mundiais, levaram à criação das Nações Unidas e à Declaração Universal dos Direitos Humanos como base dos esforços da comunidade internacional para promover a justiça, a paz e o progresso humano em todo o mundo e para resolver os conflitos através do diálogo, e não com o uso da força”,acrescentou.

“O futuro de Mianmar deve ser a paz, uma paz fundada no respeito pela dignidade e os direitos de cada membro da sociedade, no respeito por cada grupo étnico e sua identidade, no respeito pelo Estado de Direito e uma ordem democrática que permita a cada um dos indivíduos e a todos os grupos – sem excluir nenhum – oferecer a sua legítima contribuição para o bem comum.”

A este ponto de seu discurso, o Santo Padre chamou a atenção para o papel privilegiado que as comunidades religiosas têm a desempenhar no imenso trabalho de reconciliação nacional.

“As diferenças religiosas não devem ser fonte de divisão e desconfiança, mas sim uma força em prol da unidade, do perdão, da tolerância e da sábia construção da nação. As religiões podem desempenhar um papel significativo na cura das feridas emocionais, espirituais e psicológicas daqueles que sofreram nos anos de conflito. Impregnando-se de tais valores profundamente enraizados, elas podem ajudar a extirpar as causas do conflito, construir pontes de diálogo, procurar a justiça e ser uma voz profética para as pessoas que sofrem.”

É um grande sinal de esperança o fato de que os líderes das várias tradições religiosas deste país se estejam comprometendo a trabalhar juntos, com espírito de harmonia e respeito mútuo, pela paz, pela ajuda aos pobres e pela educação nos valores religiosos e humanos autênticos, continuou Francisco.

Em seguida, o Papa voltou seu pensamento para os jovens da nação qual dom a ser estimado e encorajado, “um investimento que só produzirá um bom rendimento na base de oportunidades reais de emprego e duma educação de qualidade”.

Francisco insistiu que o futuro do país dependerá da formação dos seus jovens, “não só nos campos técnicos, mas sobretudo na formação para os valores éticos de honestidade, integridade e solidariedade humanas”, frisou.

O Papa concluiu seu primeiro discurso em Mianmar com um encorajamento à pequena comunidade católica evocando um papel importante também para ela nesta nova fase histórica do país do sudeste asiático:

“Nestes dias, quero encorajar os meus irmãos e irmãs católicos a perseverar na sua fé e a continuar a expressar a sua mensagem de reconciliação e fraternidade através de obras caritativas e humanitárias, de que toda a sociedade possa beneficiar. Espero que, na respeitosa cooperação com os seguidores de outras religiões e com todos os homens e mulheres de boa vontade, contribuam para abrir uma nova era de concórdia e progresso para os povos desta amada nação.”

No dia 30 de novembro, Papa Francisco segue para Bangladesh onde realizará Missas, Ordenação Presbiteral, encontro com os jovens, entre outras atividades. A viagem chega ao fim no dia 2 de dezembro.

 

Por Rádio Vaticano