A devoção à Virgem Santa Maria é um elemento constitutivo da nossa fé cristã e, por isso, em nossas orações não cessamos de nos dirigir, com confiança, à Nossa Senhora, a Mãe de Jesus e nossa, pois temos a certeza de que Ela é a nossa intercessora junto do seu Filho. Este detalhe da nossa devoção mariana é fruto da herança que recebemos de nossos antepassados que, desde os primeiros séculos, professaram que a Virgem Maria é a Rainha do céu que está próxima de Cristo, mas é também a Mãe solícita que está ao nosso lado, sempre atenta às nossas necessidades e preces.

A Festa litúrgica de Nossa Senhora Rainha foi instituída pelo Papa Pio XII em 1954, quatro anos depois da definição do dogma da Assunção de Nossa Senhora aos céus em corpo e alma. Quando meditamos os mistérios gloriosos do santo Rosário, nós percebemos que há uma analogia entre a Ascensão de Cristo e a Assunção de Maria. Percebemos também que o título de Nossa Senhora Rainha é consequência da maternidade divina da Virgem Maria, ou seja, por ser a Mãe do Cristo Rei e Senhor, Maria é a Rainha que possui e exerce sobre o universo e cada um de nós uma soberania que lhe foi confiada pelo próprio Filho.

O título de Rainha que é concedido à Virgem Santa Maria não substitui o título de Mãe. Por ser a Mãe de Jesus, Maria viveu sem reservas a humildade, a caridade ardentíssima e o contínuo serviço ao Reino até o dia de sua passagem desta vida para a vida eterna. Deste modo, a abundância de dons e virtudes que Deus cumulou a Sua Mãe só poderia ter como consequência o coroamento de Maria como soberana dos céus e da terra.

Elevada à glória dos céus, Maria é a Rainha generosa que nos concede tudo aquilo que possui, em especial, os preciosos tesouros do reino de Deus, comunicando-nos principalmente os sinais do amor e da misericórdia de Cristo. Ela sempre se dedicou à obra da salvação, vivenciando o seu sim incondicional a Deus e, por isso, Ela é a Rainha que aprendeu com o Cristo que reinar é servir, é estar à disposição da obra da fé, da caridade e da esperança. Reinar é viver servindo a Deus e aos irmãos, é derrubar muros, edificando pontes, é trabalhar em favor da promoção da Verdade e do Bem.

Nossa Senhora é Mãe e Rainha porque “quando se tornou Mãe do Criador, tornou-se verdadeiramente a soberana de todas as criaturas”. (São João Damasceno). A Virgem Maria, nossa Mãe e Rainha, sempre se levantou apressadamente em direção ao serviço, comprometendo-se com a promoção dos pobres e dos marginalizados. Deste modo, nós percebemos que a celebração do reinado de Nossa Senhora tem a sua origem na Festa de Cristo, Rei do Universo, pois, assim como Cristo é Rei e Senhor, Sua bondosa Mãe, pura e imaculada, é a Rainha e Senhora de nossos corações. Quando somos súditos de Cristo, no aprendizado da fé, clamamos: “A Jesus por Maria. Não há outro caminho! ”. (Papa Pio XII).

Graças à humildade do seu serviço e à plenitude da sua graça, Deus engrandeceu a Virgem Santa Maria. Ela é a Rainha que exerce a sua soberania por meio de gestos concretos de amor e de serviço a nós, os seus filhos. Ela vela continuamente pelas nossas necessidades no caminho diário da nossa história. Por conseguinte, graças à generosidade do seu contínuo serviço a Deus e à Igreja, a Virgem Maria é a Rainha dos anjos, dos patriarcas, dos profetas, dos Apóstolos, dos mártires, dos confessores, das virgens, das famílias, de todos os santos, do sacratíssimo Rosário e da paz.

De um modo especial, Maria é a Mãe e Rainha dos discípulos missionários de Jesus que, no aprendizado da misericórdia, salmodiam com renovada fé: “À Vossa direita se encontra a Rainha, com veste esplendente de ouro de Ofir! ” (Salmo 44). Mãe e Rainha ajudai-nos a perceber o encanto da beleza de Cristo, firmai os nossos passos no caminho do Evangelho e fortalecei-nos na vivência cotidiana da santidade. “Salve Rainha, vida, doçura e esperança nossa, salve! ”.

Aloísio Parreiras