CF 2019: Igreja de Brasília promove discussão sobre Políticas Públicas na UCB

A sociedade civil se reuniu ao longo deste deste sábado, 16/02, na Universidade Católica de Brasília, para debater sobre um tema que é básico,  fundamental e importantíssimo para a qualidade de vida de cada cidadão, independente se é rico ou pobre; bem como para o desenvolvimento geral de uma sociedade. Estamos falando das Políticas Públicas, tema da Campanha da Fraternidade deste ano.

A discussão reuniu o jornalista da Globo News, Gerson Camarotti; o assessor da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB; e o secretário geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, além do Reitor da Universidade Católica, Ir. Jardelino Menegat, o arcebispo de Brasília, dom Sergio da Rocha, que abriram o evento e fizeram uma breve acolhida aos presentes.

Vídeo produzido pela Paróquia São José Operário – Samambaia

Estiveram presentes também, os bispos auxiliares, dom Valdir Mamede e dom Marcony Ferreira, e diversos padres de nossa Arquidiocese.

Na abertura, Ir. Jardelino deu a boa-vindas a todos e demonstrou todo o contentamento da Universidade Católica poder, mais uma vez, acolher a Campanha da Fraternidade. Já dom Sergio, agradeceu a presença de todos e convidou a comunidade a conhecer mais e a vivenciar a empreitada deste ano. “Se estamos aqui hoje é porque todos temos ciência da importância desta discussão, deste tema. E todo leigo é interpelado e questionado a ser sal da terra e luz do mundo, vivenciando a Campanha da Fraternidade do ano, que este ano tem como tema: ‘Fraternidade e Políticas Públicas’ e lema: ‘Serás libertado pelo direito e pela justiça’. Ou seja, a nossa missão este ano é contribuir para que a sociedade seja mais fraternas por essas políticas públicas”, disse dom Sergio.

Para dar início às palestras, subiu ao palco do auditório central o jornalista Gerson Camarotti. Por ser pós graduado em ciências politicas, Camarotti fez um panorama sobre as políticas públicas e as demandas da sociedade.  Para exemplificar a importância e a necessidade das Políticas e públicas, o jornalista citou grandes tragédias que poderiam ser evitadas com políticas públicas e a fiscalização do Poder Público.

“Como exemplo da falta de Políticas Públicas, podemos citar aqui grandes tragédias que chocaram o Brasil. O mais atual foi o desastre de Brumadinho, que aconteceu no dia 25 de janeiro, e já matou mais de 160 e deixou, até agora, 150 desaparecidos. A culpa é da mineradora Vale pela ganancia de querer mais dinheiro, mas também faltou rigor na legislação, faltou fiscalização do governo. É um descaso contínuo que vem desde o acidente com a Barragem de Mariana, em 2015, que levou 19 vidas e gerou um grave impacto ambiental. Podemos citar também o caso da Boate Kiss, que matou 242 jovens, em 2013. Era uma casa de show, particular, mas  que o Poder Público tem a ver? Se houvesse fiscalização, não teria acontecido aquilo. O Brasil só passa  enxergar o errado depois que a tragédia aconteceu, e mesmo assim, anos depois, vimos no Rio de Janeiro, aquela tristeza que foi o incêndio no Ninho do Urubu, em fevereiro, que matou 10 jovens. Se tivesse sido multado, teria a obrigação de interditar o local até sanar os problemas, e essas mortes seriam evitadas”, afirmou.

Para concluir sua participação, Camarotti ressaltou a grande oportunidade que a Igreja está oferecendo a população ao discutir e promover o entendimento das Poplíticas Públicas, que é algo que a atinge gravemente, fazendo com que ela venha regredindo a cada dia.  E ainda trouxe uma grande reflexão sobre o porquê da cidade planejada não dar certo.

“A gente te que ter em mente, principalmente agora, com essa Campanha da Fraternidade, que todas Políticas Públicas, sejam bem feita ou mal feitas, têm suas consequências. Estou em Brasília há 23 anos, e amo essa cidade que me acolheu tão bem, mas infelizmente, só vejo essa cidade se degradar. E Brasília foi planejada. Deveria ser um cidade perfeita, o melhor lugar do Brasil”, finalizou.

Para fechar amanhã de formação, o padre Paulo Renato, assessor político da CNBB, tratou sobre os desafios da sociedade de Brasília em relação à saúde, educação, seguração pública e o emprego.

Iniciando o seu discurso, o padre definiu políticas públicas como “programas e ações desenvolvidos pelo Estado para garantir e colocar em prática direitos que são previstos na Constituição e outras leis”.

De acordo com Pe. Paulo, essas políticas são para todos, mas visam auxiliar, especialmente, as pessoas que vivem marginalizadas na sociedade e até mesmo excluídas, por isso são tão importantes.

“Estimular e incentivas as Políticas Públicas é olhar para quem precisa. E não venha me dizer que isso é coisa de comunista ou socialista, porque não é. Na verdade, isso é coisa de cristão. A Igreja se compromete com o Evangelho e não com partido, e nem com cor vermelha, azul, amarela, verde, preta. Esse discurso de Políticas Públicas não é politicagem, é evangelho. E a Campanha da Fraternidade é isso: A Campanha do Evangelho, e não uma campanha social”, esclareceu o padre.

O padre convocou  todos a estarem sempre por dentro de todas as tomadas de decisões do Estado,  a participarem de fóruns, conferências e sessões para votações e elaboração de políticas públicas. E, principalmente, que elejam candidatos, mas que também cobrem deles as promessas feitas. Que nunca seja omisso diante das necessidades que são de todos.

“Se você não participa, se você não fala, com certeza, você chora depois”, encerrou o padre.

Vídeo produzido pela Paróquia São José Operário – Samambaia

Logo após a pausa para o almoço,  que foi das 12h às 13h30, teve espaço para palestrar, o bispo auxiliar e secretario geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner. O bispo trouxe a discussão sobre a conversão e a mudança de vida para cultivar o caminho do seguimento de Jesus Cristo e a participação dos cristãos na discussão, elaboração e execução de políticas públicas no DF.

Dom Leonardo revelou que na época em que os bispos foram escolher o tema da Campanha da Fraternidade 2019, há dois anos, ele não concordou muito com a escolha do tema. Mas quando os materiais de divulgação desta empreitada começaram a ficar prontos e a passar pelas mãos dele para aprovação, que é uma das funções do secretário geral da CNBB, ele foi vendo como a escolha da maioria dos bispos foi acertada.

“Eu queria outro tema, mas ao ver o material, analisara realidade pública, percebi como os meus irmãos bispos foram sábios. Quantas crianças morrem de fome, quantos irmãos morrem em um quarto de hospital, quantas famílias não têm onde morar, quantos pais de famílias estão desempregados. Tudo isso é reflexo da falta de Políticas Públicas. E Políticas Públicas têm a ver com a nossa existência. Todos temos que ter direito de votar,  de ter a chance de estudar, a segurança e também de participar das Políticas Públicas”, disse o bispo.

Para finalizar, o bispo convocou a população a participar ativamente da Campanha da Fraternidade nas paróquias, nas comunidades, e a participar da elaboração das Políticas Públicas.

“Vamos todos participar da CF 2019. Vamos refletir  sobre este tema em grupos, nas ruas, nas redes sociais. Que cuidemos do bem comum para que todos os irmãos tenham direito à justiça.  E não se esqueçam: Sem Políticas Públicas não existe sociedade”, finalizou.

Destacamos que ao final de cada palestra, houve espaço para perguntas direta dos participantes, que se mostraram interessados em participar e aprender e ainda se comprometeram a levar o conhecimento aos párocos e irmãos de comunidade.

Muitos participantes ainda se queixaram com o bispo, dom Leonardo, sobre o desinteresse dos padres na divulgação do tema. “Eu fiquei sabendo deste Encontro de Formação pelos meios de Comunicação da Arquidiocese de Brasília. O meu pároco não tratou em nenhum dia sobre a Campanha da Fraternidade. Antes eles convidam alguns participantes para vir, mas hoje, nem isso. Como bispo, acho que o senhor, dom Leonardo, deve puxar as orelhas dos padres, porque assim não dá”, disse uma participante.

Aos risos, dom Leonardo disse que repassaria a informação a dom Sergio da Rocha e pediu que os desinteresse dos padres não seja motivo para que a comunidade se desinteresse pelas campanhas e assuntos da Igreja e convidou a todos a se manterem sempre em oração pela Igreja.

Veja as fotos do evento nas redes sociais.

 

Por Gislene Ribeiro

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