Artigo: A Teologia Do Templo

O ser humano é, em sua essência, um ser religioso e por isso, no decorrer da história da humanidade, os mais diversos povos se preocuparam em edificar um lugar privilegiado de encontro com o Senhor. Surgiram assim os Templos, os locais edificados especialmente para congregar a todos aqueles que buscavam um relacionamento mais íntimo com o Criador de todas as coisas. Na história do Cristianismo, os Templos têm um lugar de destaque e, como sabemos, nos dois primeiros séculos, os primeiros cristãos não construíram templos devido às perseguições religiosas e aos martírios. Mas, já no início do século III, o historiador Eusébio nos fala da “enorme afluência de pessoas reunidas nas casas de oração”. Essas casas de oração são um primeiro prenúncio dos primeiros templos cristãos. No ano de 312, o imperador Constantino concedeu a liberdade religiosa para os cristãos e com isso, nos séculos IV a VI, ocorreu um grande florescimento dos Templos e das Basílicas que demonstravam nas cidades e no meio rural que os fiéis cristãos têm os seus Templos, seus lugares especiais, onde o coração do povo de Deus se faz presente, vivenciando a fé, a esperança e a caridade.

Pela vivência da fé, nós cremos e professamos que o Templo é muito mais do que uma obra humana, um mero edifício em meio a tantos outros, mas é, sim, um sinal visível da misericórdia do Deus invisível. Como um lugar da Providência divina, o Templo testemunha a fidelidade e o sublime amor de Deus e a Sua incessante ação salvadora em nosso meio. Como nos ensina o salmista, “o Templo é a casa visível do Eterno”. (Sl 11,4). Consequentemente, o Templo é para nós, cristãos, o sinal da Presença divina, o lugar da sempre nova aliança dos homens com o Eterno e com o próximo. O aprendizado da Teologia do Templo nos leva a abrir o coração aos estrangeiros, aos migrantes, aos doentes, aos refugiados, aos pobres, aos não-crentes e a todos aqueles que necessitam de nosso acolhimento. O Templo é o lugar da comunhão eclesial; desse modo, vivenciando e testemunhando a caridade, tornamo-nos autênticos profetas da esperança que não se cansam de trabalhar na construção de um mundo novo, redimido pelo Cristo.

Por ser um lugar sagrado e consagrado, nós devemos ir continuamente ao Templo com a alma limpa e com roupas apropriadas e dignas para celebrar os sacramentos, alimentar nossa experiência de oração, vivenciar os mistérios da fé e poder invocar e acolher o Espírito Santo, pois é o Divino Espírito que nos faz perceber que o Templo é o lugar da Palavra onde Deus se revela a quem se abre para Ele, a quem o procura com a alma e o coração puros.  É também o Doce Paráclito quem nos faz perceber que o Templo é o lugar decisivo de evangelização dos povos e das comunidades. No Templo podem e devem ser reconhecidos “os vestígios da bondade do Senhor para conosco”. (São Gregório de Nissa, “Epístola 3,1”).

O respeito devido ao Templo, que é um lugar santo, exprime a consciência de que, diante da obra de Deus, é preciso que tenhamos uma sólida atitude de veneração, rica de admiração e de sentido de mistério. No Templo, Cristo reúne o Seu povo, ensina, prega e acolhe. O Templo é o lugar sagrado aonde nós, povo fiel, vamos em grande número, por motivos de piedade, louvar, glorificar e adorar ao nosso Redentor. Se agirmos assim, o Templo torna-se, por excelência, “a Tenda do encontro”, onde encontramos o Cristo vivo e ressuscitado que nos é proposto por meio da experiência renovadora e vivificante do Mistério proclamado, celebrado e vivido. A reta convicção do que é o Templo nos faz recordar na fé a obra salvífica do Senhor.

É sempre uma graça imerecida poder edificar um novo Templo, pois em sua beleza e mesmo na sua simplicidade, um Templo é um pequeno reflexo da glória de Deus que procuramos manter na comunidade entre os irmãos. Ao edificar um Templo mariano, devemos assumir o compromisso de edificar uma autêntica escola de fé sob o exemplo e a intercessão materna de Nossa Senhora. De mãos dadas com Nossa Senhora, demonstremos a todos que o Templo é o sinal da iniciativa de Deus em nossa história, e em íntima união com o Cristo, o Templo dos templos, testemunhemos todas as dimensões que abarcam a fé cristã. Ir ao Templo, estar no Templo, vivenciar a Teologia do Templo e ser parte constitutiva da beleza do Templo é um mistério insondável que move e remove o nosso ser e nos leva a professar: “Exultei quando me disseram: Vamos à casa do Senhor!”. (Sl 122).

 

 *Imagem extraída da internet

Por Aloísio Parreiras
Escritor e membro do Movimento de Emaús

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