3º Domingo da Quaresma – 24/03/19

Frutos de Conversão

+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília

 

A passagem do Evangelho segundo Lucas (Lc 13,1-9) ressalta a misericórdia de Deus e, ao mesmo tempo, a urgência da conversão. A parábola da figueira, em Lucas, põe em relevo a misericórdia e a paciência daquele que a havia plantado, pois, ao invés de cortá-la por não dar frutos, permanece à espera da colheita. Contudo, não se trata de uma espera inoperante. Era preciso “cavar em volta dela e colocar adubo”. O senhor misericordioso da vinha, onde estava plantada a figueira, é figura do próprio Deus, conforme rezamos hoje, no Salmo de meditação: “O Senhor é bondoso e compassivo!” (Sl 102).  A imagem da figueira, símbolo do Povo de Deus, pode ser aplicada a cada um de nós. Deus, que nos criou e nos cultivou com tanto amor, está à espera paciente de frutos que correspondam à sua vontade.

Nesta Quaresma, Deus nos oferece uma nova oportunidade de produzir frutos. Para tanto, é preciso cuidar do terreno onde estamos plantados e de nossas raízes.  Em qual terreno estamos plantados, isto é, em quais ambientes vivemos? Há ambientes que nada têm a ver com a “vinha” do Senhor, pois dificultam ou impedem o cristão dar os frutos esperados por Deus. A figueira estava plantada na vinha do Senhor e não em qualquer lugar. Na Igreja, novo Povo de Deus, encontramos o terreno e os meios que nos ajudam a crescer e a frutificar. O “adubo”, a que se refere o Evangelho, nos faz pensar sobre aquilo que tem nos alimentado espiritualmente. O adubo serve para tornar fértil. Na vida cristã, a oração, a penitência, a Palavra de Deus e a Eucaristia, dentre outros meios, nos tornam espiritualmente fecundos, capazes de produzir bons frutos.

Ao mesmo tempo, o Evangelho refere-se à urgência da conversão, perante o comentário das pessoas sobre dois trágicos episódios ocorridos: os galileus que haviam sido mortos e as vítimas da queda da torre de Siloé.  Diante daqueles fatos trágicos, muitos cometiam o erro de condenar as vítimas considerando-as como pecadores e de se acharem melhores do que eles. A resposta de Jesus exige a conversão de todos para terem a vida. A conversão nos leva a caminhar na vida. A recusa de converter-se, permanecendo no pecado, conduz à morte. Embora haja situações de pecado que provocam até a morte física, o Evangelho faz pensar na morte no sentido espiritual. Jesus veio para que todos tenham vida e a tenham plenamente. Quaresma é tempo especial de conversão, que implica na superação do pecado e na experiência da vida nova, em Cristo. A vigilância sobre os frutos que estamos produzindo é para todos: “Quem julga estar de pé, tome cuidado para não cair!” (1Cor 10,12).

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